17.6.08

Le finale

Ela arrumando algumas coisas e colocando em uma mala. Ele entra.

Ela: ...
Ele: ...
Ela: Oi.
Ele: Oi.
Ela (continua guardando as coisas): ...
Ele: O que você tá fazendo?
Ela: Tô colocando coisas na mala.
Ele: Hum...
Ela: ...
Ele: E pra quê... as coisas na mala?
Ela: Tô indo pra São Paulo.
Ele (ri): Ué, que foi agora? Encontrou algum salame na minha gaveta?
Ela: ...
Ele: Vai visitar sua irmã?
Ela: ...
Ele: Vai ver o seu sobrinho? Aquele que ainda não nasceu?
Ela: ...
Ele: Poxa, essa coisa de maternidade mexeu mesmo com você.
Ela (fecha a mala): Por que você diz isso?
Ele: Parece que virou motivo pra fugir das coisas também.
Ela (ri, ironicamente): Meu Deus. Você não entende mesmo, não é?
Ele: Não entendo mesmo. Não consigo entender. Já cansei de decifrar códigos e controlar a minha vida por tabelinha. E isso vale pra tentativa de ter filhos e preconizar a TPM. Não entendo. Era isso que você queria ouvir? Pois, então.
Ela: Não, não era isso o que eu queria ouvir.
Ele: ...
Ela: ...
Ele: Quando você volta?
Ela: Quando é que você quer que eu volte?
Ele: ...
Ela (dá um sorriso sem graça): O Tico chega de Floripa hoje. Eu falei pra ele vir pra casa, mas ele não queria por causa da Selma, da Carol, enfim... se ele aparecer...
Ele: Não, pode deixar. Eu me viro com ele.
Ela: Obrigada.
Ele: ...
Ela: Eu comprei baterias para o seu barbeador elétrico.
Ele: Eu não preciso, Luiza.
Ela: Elas estão no armário ao lado da...
Ele (interrompe): Eu sei onde elas ficam.
Ela: Tá certo.
Ele: ...
Ela: Eu já estou indo. Só estava terminando de arrumar a mala.
Ele: Tudo bem.
Ela: ...
Ele: ...
Ela: Eu ligo quando chegar lá.
Ele (puto): Faça isso.
Ela (abraça ele): ...
Ele: ...
Ela: Eu não estou deixando você.
Ele: Então por que está tão desesperada para ir embora?
Ela (se enfurece): Caralho, mas que merda, César. Você não raciocina, não pensa, não entende.
Ele: Porra, mas que disco arranhado. E eu é que não entendo?
Ela: Não entende, não vê as coisas que acontecem na sua frente. Porque se você realmente me notasse, iria ver que eu não arrumei uma mala decente para uma viagem dessas. (abre a mala) Olha isso, eu estou levando uma bota, uma capa de chuva e uma ceroula.
Ele: Aonde “diabos” você arrumou uma ceroula?
Ela: Ouça-me, meu marido. Olhe pra mim. Perceba que eu estou viva. Aí então você vai enxergar que eu só esperei o momento de você entrar por aquela porta para fechar a mala na sua frente e você me impedir de fazer uma loucura, como sempre faz.
Ele: Pois é bem isso.
Ela: O quê?
Ele: Talvez eu esteja cansado de suas loucuras.
Ela: ...
Ele: Eu tô cansado de tentar impedir você de se ferrar com suas decisões e depois eu ainda sair como vilão da história.
Ela: Então deixa eu me ferrar.
Ele: Eu não posso, porque senão o louco serei eu.
Ela: Resumindo, você está cansado de mim.
Ele: Eu jamais me cansaria de você.
Ela (chorando): Então me diz quando eu devo voltar.
Ele: ...
Ela (enxugando as lágrimas): ...
Ele:...
Ela: Bom, eu estava indo, não é?
Ele: Eu... lhe ajudo.
Ela (pega a mala de volta): Não precisa.
Ele: ...
Ela: Eu sempre achei que isso tudo era muito fácil.
Ele: Isso o quê?
Ela: Nós dois e essa cama.
Ele (se aproxima dela): ...
Ela: Não beija a minha testa. Eu não quero.
Ele (se afasta): ...
Ela (indo embora): ...
Ele: Luiza.
Ela: O quê?
Ele: Me liga quando chegar lá.
Ela sai, carregando a mala, e fecha a porta. Ele deita na cama sozinho.

2 comments:

Priscila Ihara said...

:(

Ana Moura said...

Oq???????
O_o'